'Resort do crime': presídio em Pernambuco tinha venda de espaços para dormir.

Tráfico de drogas e corrupção institucionalizada, diz MPF

O MPF divulgou um relatório sobre problemas em 11 presídios de Pernambuco, incluindo o Presídio de Igarassu, onde a PF descobriu um "resort do crime"

O relatório aponta irregularidades como venda de locais para detentos dormirem e superlotação de 460%
O MPF também fala de "corrupção institucionalizada, esquema de tráficos de
drogas e mercantilização de itens básicos"

O relatório foi feito com base em vistorias realizadas em 2024 e foi divulgada para subsidiar as investigações da Operação La Catedral, deflagrada em fevereiro pela PF
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nesta terça-feira (18) um relatório sobre problemas de 11 presídios de Pernambuco
Entre eles está o Presídio de Igarassu, no Grande Recife, onde a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que descobriu um verdadeiro "resort do crime", em que funcionava um esquema criminoso envolvendo o então diretor da unidade e policiais penais
De acordo com o relatório do MPF, no local, foram verificadas irregularidades como venda de locais para detentos dormirem e uma superlotação superior a 400%
O relatório do órgão ministerial também fala de "corrupção institucionalizada, esquema de tráficos de drogas e mercantilização de itens básicos"
✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsAppO relatório do MPF foi feito com base em vistorias realizadas em 2024 e foi divulgada para subsidiar as investigações da Operação La Catedral, deflagrada em fevereiro pela PF
A investigação da PF revelou que com a conivência do diretor do presídio, Charles Belarmino de Queiroz, e de agentes penitenciários, criminosos continuaram a cometer crimes, dar festas privadas de dentro da prisão, manter um laboratório de drogas e uma vida de luxo e regalias
No relatório do MPF, consta que, ao chegar ao presídio, membros do MPF foram recepcionados pelo então diretor, que dava risadas e dizia frases como “não tenho controle de nada aqui” e “vocês acham que sou eu quem manda aqui?”
O documento diz, ainda, que a capacidade máxima do presídio era de 1
226 detentos
À época da inspeção, havia 5
645 pessoas no local, com superlotação de 460%
O MPF afirmou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) computou déficit de 916 polícias penais na unidade, onde atualmente há apenas 90 profissionais, com cerca de 15 profissionais por plantão
A quantidade ideal é de 10
065, considerando a população prisional
Além disso, a equipe verificou o comércio de itens básicos de subsistência, como os espaços para dormir, e a influência dominante dos "chaveiros" e de facções criminosas
De acordo com o relatório da vistoria, o cenário atual daquele estabelecimento em índices de superlotação
- superior a 400%
- é proporcionalmente similar ao do Complexo do Curado, situado no Recife, quando denunciado à Corte Interamericana de Direitos Humanos
A gravidade da situação no Curado levou à condenação do Brasil, em 2018, na Corte Interamericana
Providências
- O relatório das inspeções também foi encaminhado à Secretaria de Cooperação Internacional do MPF, em Brasília, em razão de as violações sistemáticas de direitos humanos verificadas nos estabelecimentos penais de Pernambuco já terem provocado a atuação de organismos internacionais
O relatório foi destinado ainda ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público
Além do Presídio de Igarassu, outras dez unidades prisionais também foram inspecionadas
O relatório aponta, em diversos locais, irregularidades como longos intervalos entre uma refeição e outra, superiores a 12 horas, “cozinhas com estrutura precária, cheiros fortes e ambientes com pouca iluminação, condições impróprias para o manuseio de alimentos
”Além disso, há a figura do “chaveiro”, preso que assume a função de apoio aos agentes de segurança nos pavilhões
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